Felipe Homsi


Carregamos nossos sonhos, objetivos, estratégias e decisões que tomamos. Erramos, acertamos e, de tropeço em conquista, somos levados a trilhar nosso caminhos nesse emaranhado chamado vida. Mas, pensando sobre essas situações, o que Mounir Naoum tem a ver com isso? Creio que tudo. Com certeza, entende de derrotas e vitórias como ninguém.

Já nasci convivendo com meu tio-avô Mounir. Logo, não tenho a percepção que o historiador Pedro Fernando Sahium e o jornalista Danilo Boaventura tiveram. Do lado de fora, a partir da observação e da pesquisa histórica, eles brilhantemente relataram em livro os feitos heróicos, sim, heróicos, de um dos maiores representantes da colônia sírio-libanesa que este país já conheceu.

E por que heróicos? Porque a aventura da viagem que ele fez do Líbano para o Brasil, na década de 1940, com poucos trocados no bolso, em um navio, só poderia ter sido feita por um herói. Àquela época, o futuro era um ideário distante, mas possível. E o futuro chegou da forma mais bonita: Mounir construiu sua família, empreendeu negócios e até hoje, com seus mais de 90 anos, aproveita a vida com a família e amigos. Para ele, o futuro ainda está longe de chegar. Mounir Naoum representa a vida sendo construída aqui e agora. E que venham ainda muitos e muitos anos dessa que é uma das histórias mais lindas que já conheci.

O que o navio pode trazer de significado? Chacoalhando por entre mares, em meio a turbulências, percorrendo o rumo glorioso do trajeto Líbano-Brasil, ele nos conduz rumo ao horizonte. Incertezas? Muitas, porém, com o sonho ali na frente, o porto seguro que somente o coração viajante pode alcançar. O medo vem e se torna combustível, força-motriz que o leva a lutar. Navegar, navegar, navegar, Mounir sabe o significado dessa palavra.

E nós? Talvez carreguemos um pouco de Mounir Naoum em nossos corações. Fico imaginando e me perguntando se chegaremos ao mesmo porto em que ele chegou e se alcançaremos a mesma glória até aqui. O tempo dirá. Assim como meu tio-avô, ainda estamos navegando, no mesmo barco da vida. Naquele pedaço de oceano estão as nossas histórias e talvez sejamos um passageiro nesse navio.

Hoje, 22 de março, acompanhei o lançamento do livro ‘Mounir Naoum – do Líbano ao Centro-oeste do Brasil’, obra escrita pelos já citados Pedro Sahium e Danilo Boaventura. É uma viagem em reconhecimento à brilhante história de um dos precursores da indústria do álcool e açúcar, construção civil e hotelaria. Recomendo que leiam cada página, cada trecho e fixem os olhos em todas as imagens.

Assim como eu descobri, ainda criança, que minha história se cruza com a dele, vocês descobrirão que a viagem que Mounir Naoum faz é a jornada de todos nós.

Felipe Homsi é jornalista e proprietário da HBF Comunicação